domingo, 16 de agosto de 2009

O ceifeiro nos trigais amarelos


Setembro de 1889.
"Meu querido irmão - sempre te escrevo em intervalos de trabalho -, trabalho como um verdadeiro possesso, com um furor surdo, trabalho mais do que nunca. Creio que isto contribuirá para me curar.
Talvez me aconteça aquilo que conta Delacroix: «encontrei a pintura quando não tinha nem dentes nem alento», no sentido de que a minha triste enfermidade me faz trabalhar com um furor surdo - muito lentamente - mas desde a manhã até à tarde sem afrouxar e - aí está provavelmente o segredo - trabalhar largo tempo e lentamente. Que sei eu, mas creio que tenho uma ou duas telas em preparação, que não estão muito mal; para começar, o ceifeiro nos trigais amarelos e o retrato sobre fundo claro (...).
Uf!... O ceifeiro está terminado; creio que este será um dos que guardarás para ti - é uma imagem da morte, tal como nos fala no grande livro da natureza (...). É todo amarelo, salvo uma linha de colinas violeta, de um amarelo pálido e vermelho. Isso diverte-me, depois de o ter visto assim através das grades de ferro de uma casa de loucos.
Vincent Van Gogh - cartas a Theo - Barral Ed. - Barcelona - pp. 354-355.
Van Gogh - Campo de trigo com ceifeiro.
(Fundação Vincent Van Gogh - Amesterdão)

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