quinta-feira, 13 de março de 2014

Cremilde's





Foi quando dobrei a esquina que deparei com a Cremilde, vestida de domingo e a falar com as árvores da praça. Sim!
Não numa atitude poética e sigilosa mas como se a natureza a tivesse dotado de meios para ter uma conversa tu-cá, tu-lá com as árvores.
Num momento tudo se tornou claro, o sofrimento deixou de caber dentro e passou para fora escancarado e trocista. O passado saltou para o presente sem barreiras, num teatro íntimo só com um actor e as árvores, protagonistas inconscientes mas, fiéis à intimidade e às personalidades que encarnavam estáticas, o Porfírio, a Florbela, o patrão, o padre, o bebé e tudo o que nunca devia ter acontecido...
Tudo a fazer sentido a quem lhe conhecesse a vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Daí a poucas horas a cripta estava em silêncio. As monjas da virgem Dolorosa jaziam degoladas em volta da venerável Cremilde…
Alexandre Herculano, Eurico o Presbítero.