sábado, 29 de outubro de 2011

as árvores


Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,
com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.
Leva um recado. Da chuva arranca vida
como um melro ante um jardim de fruta.
Quando a chuva cessa, detém-se a árvore.
Vislumbramo-la direita, quieta em noites claras,
à espera, como nós, do instante
em que flocos de neve floresçam no espaço.


Tomas Tranströmer




...as árvores desassossegadas como em toda a parte...
com a chegada da noite... 
o meu marido...
a largar as chaves na mesinha de laca sem atenção ao verniz,
o desassossego das árvores na voz dele,
um agitar de folhas, a mesma angústia nos ramos...

António Lobo Antunes
Eu Hei-de Amar Uma Pedra

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