quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Fios de Ariadne


"Só depois de ter conhecido a superfície das coisas nos podemos aventurar a procurar o que está por baixo. Mas a superfície das coisas é inesgotável."
Italo Calvino, In Palomar

"... Sabes onde o conceito de labirinto apareceu pela primeira vez?
Respondo que não com a cabeça.
- Foi na antiga Mesopotâmia. Extraíam as entranhas dos animais, e de seres humanos também, possivelmente, e baseavam-se na forma que tinham para prever o futuro. Apreciavam a forma complexa dos intestinos. Daí que se pode dizer que o protótipo dos labirintos reside, numa palavara, nos intestinos. O que significa que o princípio que presidiu à invenção do labirinto reside dentro de ti. E isso está de alguma fora relacionado com a noção de labirinto fora de ti.
- Mais uma metáfora - alvitro eu.
- Exactamente. Uma recíproca metáfora. As coisas no exterior são projecções do que tens dentro de ti, e o que tens dentro de ti é uma projecção do que te rodeia. Por isso, quando entras no labirinto exterior que te cerca, estás ao mesmo tempo a penetrar no teu labirinto interior. Uma odisseia perigosa, sem sombra de dúvida."
Haruki Murakami, in Kafka à beira-mar.

"Conheces o nome que te deram,
não conheces o nome que tens"
Livro das Evidências, citado por José Saramago, in Todos os Nomes.

“Travada a mente na ideologia...”
Caetano Veloso

2 comentários:

A OUTRA disse...

Somos um labirinto para nós próprios...

Petra Maré disse...

Obrigada Maria. Seja bem vinda!