domingo, 20 de setembro de 2009

Canção de Amor


Como hei-de eu conter a minha alma,
que não toque na tua? Como hei-de eu
erguê-la por sobre ti para outras coisas?
Como eu desejaria dar-lhe abrigo
à sombra de qualquer coisa perdida no escuro
num recanto estranho e repousado,
que não vibrasse com o teu vibrar.


Mas tudo o que nos toca, a ti e a mim,
toma-nos juntos numa só arcada
que arranca de duas cordas um som único.
Sobre que instrumento estamos retesados?
Que músico nos tem na sua mão?
Oh doce canção!

Rainer Maria Rilke
Poemas As elegeias de Duino e Sonetos a Orfeu
o oiro do dia

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