segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Fogo de artifício verde


Podes esperar no cais,
que para ti imaginaste.
Eu não voltarei.


Fugi da tua rua,
da tua cidade,
da falta de lar,
de ti.


A obssessão é só tua.
Eu já não sonho,
com fogo de artifício verde.
E a água
há muito tempo
que deixou de me queimar.


O meu rosto tem olhos,
boca, nariz
e maçãs salientes.
Está airoso,
e resplandece
na sabedoria da idade.


A alfazema e a madressilva
vivem no jardim com as abelhas,
E quem recolhe o mel selvagem
são as aves alegres que nele vadiam.


Não gosto de bonecas,
são brinquedos
de mulheres desequilibradas.
Rostos mortos.


Em comum contigo,
apenas,
aceitar o imponderável,
por lucidez, não por destino!


Não esperes por mim,
eu, os meus livros,
e o cheiro deles,
não voltaremos.


Não esperes por mim,
se o fizeres
vais morrer no cais...


P.S. Prefiro o linho e o algodão,
à névoa cambraia,
na minha idade
não há transparências...


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