Dei ordens para irem buscar o meu cavalo ao estábulo. O criado não me entendeu. Fui eu próprio ao estábulo, selei o cavalo e montei. Ouvi ao longe o som de uma trombeta e perguntei-lhe o que era aquilo. Não sabia de nada, não tinha ouvido nada. Junto ao portão, fez-me parar e perguntou: «Aonde vais, senhor?» «Não sei», respondi, «para longe daqui, para longe daqui. Sempre para mais longe daqui, só assim poderei chegar ao meu destino.» «Então sabes qual é o teu destino?», perguntou. «Sim», respondi eu, «ouviste o que eu disse: "longe-daqui", é esse o meu destino.» «Mas não levas farnel», disse ele. «Não preciso de farnel», respondi eu, «a viagem é tão longa que vou de certeza morrer de fome se não me derem alguma coisa pelo caminho. Nâo há farnel que me possa salvar. Felizmente, é uma viagem verdadeiramente extraordinária.»
Franz Kafka
Franz Kafka
in Parábolas e fragmentos
2 comentários:
Curioso:
Estava - ou ele por mim - a escrever um texto introdutório sobre processo do trabalho (quem diria!)e a usar o gerente K., mas também o homem do campo que se aproxima da porta da lei, onde está um guarda que, pelo menos logo, não o deixa entrar. Afinal a porta era só para ele - Páginas 55 a 57 do livro citado! E porque a propósito, também em Laborinho Lúcio, A justiça e os justos, páginas 22/23.
Ele há coisas...
Pois, ele ainda há mais coisas, se lhe disser que hesitei em colocar este post ou o post "À porta da lei", mas para evitar conclusões ou identificaçõs, coloquei este. É que também o final daquele me é muito caro, e enigmático...
Fique bem.
A verificação de palavras que tenho de efectuar para publicar o comentário é "RECIZADE"...
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