Escreves nas linhas da tua mão.
O espaço meu
onde se elevam os lábios, o peito e os dedos,
mãos de linho que visitam o meu corpo,
respirando nas suas janelas
segredos e perfumes.
Na hora em que tuas mãos se marcam
com sinais de pele e vertigem
meus ouvidos vagueiam pela floresta luxuriante
onde foi produzido o primeiro canto selvagem.
As bocas anseiam por águas frescas
Vinhos frutados
Romãs
Cerejas…
Desejam nossos sentidos aromas de canela
Limão
Suor…
O ímpeto que agita nossos corpos
torna os dedos loucos,
as mãos em garras, escalam montanhas e
vagas gigantes.
No marulhar das vagas oscilantes,
por entre os fluidos e os relâmpagos,
a música navega.
A lua dita eróticas conjunções
anunciando varandas de sol onde se criam sementes.
P.M.
2 comentários:
Um poema é só o que se lê,
perde a liberdade da criação
na aventura dos olhos novos.
Por isso, os perfumes deixaram de ser os do suor do aparo
e só são o das horas
em que se contempla
o gesto permitido da autoria, mentira: do primeiro passo
que ensina os passos
do caminho por andar.
só para dizer que, a meus olhos
- e mesmo a esta hora -
parece-me uma escrita cheia de perfume.
E, afinal... é nas escancaradas janelas que se escondem os segredos.
Obrigada Augusto pela sua sabedoria, partilhada com tanta subtileza.
Nem a autoria chega ao que pretendia... nem o leitor deixa de ser apenas e sempre um segundo autor...
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