sábado, 30 de abril de 2011

fim de abril



Deitei a tarde pela janela e fiquei só
com a linha onde a luz se suspendeu
num tom rosado, tão calmo, quase
artificial neste fim de Abril, a descer sobre
o azul da minha voz. (...)

Não sei se tentava voltar aos braços
de alguma remota ilusão, se me fiquei
por um circuito de estilhaços ou qualquer
outra lesão silenciosa.(...)

Não era como se tivéssemos muito
a esperar das ruas, mas saímos
e depressa demos com o labirinto de excessos
na noite que o corpo nos exigia.(...)

Esquecemos tantas outras vidas.
sentados de costas para a entrada,
(...)

(...)
                                    Os dois,
como é normal, mimando e entretendo
a carne agarrada aos ossos.


Diogo Vaz Pinto
A carne agarrada aos ossos
RESUMO a poesia em 2009

2 comentários:

Anónimo disse...

O abrigo é afinal uma grande janela

Anónimo disse...

Acredito na intenção de infinito dos poemas que escolhe e partilha