Eu tenho memória dos campos de linho,
Do viçoso verde bordado a azul
Que a nortada embalava para uma sesta depois do meio-dia.
A memória de o separar do solo,
Da minha mãe que o tecia,
Da roca e do fuso que me tiravam o colo.
Os lençóis de linho anunciavam a primavera
Quando a sua pureza e frescura invadiam a minha cama,
Anos a fio numa juventude que julguei eterna.
A modesta flor azul já não espelha a frescura dos campos,
A nortada chega mas não tem linho para embalar.
Os lençóis dormem amarelecidos no baú,
Mas basta uma barrela e voltam a anunciar a primavera.
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