Candeeiro demente
"Em cada milímetro deste chão está o último instante da minha vida. Posso contemplá-lo a perder de vista. É o motivo por que me transportam sempre de noite. Preservam-me. Não me incomoda. Agora mesmo é de noite e há bastante disso. É de noite sempre que não me encontro quieto. Deixei de estar com o medo porque ele me desertou. Transformou-se num território exterior. Enorme falta de solidariedade: não tenho onde me agarrar, o que pode ser fatal. O chão, a estrada, a savana, o país: o medo é um mapa e a obrigação dele. Não sei quantos dias tem de largura. Estamos a atravessá-lo e é de noite. Atravessar a noite é tudo o que tenho."
Pedro Rosa Mendes
Baía dos Tigres
Publicações Dom Quixote
4 comentários:
Para começar o ano, não é lá muito animador...
Tem razão Carlos, mas foi o que veio, com a animação que neste momento me anima....
Bonita imagem
Já várias vezes atravessei o medo e a última com um sorriso.
De todas as vezes que o atravessei não me venceu, mas faltam algumas provas para poder dizer: Não tenho medo.
Nestas que faltam eu sei que terei medo.
Um bom Ano onde a realidade possa dar a mão à felicidade.
Bom fim de semana
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