O Outono come da minha mão a sua folha:
Somos amigos.
Somos amigos.
Tiramos às nozes a casca do tempo e ensinamo-lo a andar.
O tempo regressa de novo à casca.
No espelho é Domingo.
No sonho dorme-se.
A boca fala verdade.
O meu olhar desce até ao sexo dos amantes,
Olhamo-nos.
Dizemos algo de escuro.
Amamo-nos como papoila e memória.
Dormimos como vinho nas conchas,
Ou o mar no brilho-sangue da Lua.
Ficamos abraçados à janela, olham para nós da rua.
É tempo que se saiba!
É tempo que a pedra se decida a florir
Que ao desassossego palpite um coração.
É tempo que seja tempo.
É tempo.
(Paul Celan)
2 comentários:
[tão urgente,
a grafia do tempo em nós.]
desse que Celan, canta!
um imenso abraço,
Leonardo B.
A nogueira, árvore grande e frondosa, dá um fruto tão pequeno... porque será?...
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