"Eu tenho três filhas e no início elas não liam. Isso de início não me preocupava, achava que era o percurso delas, nem queriam ouvir falar em escritores, porque eram as pessoas com quem eu me dava. Mas depois começaram a ler por iniciativa delas, livros que eu nem sequer gostava. Eu nem tentei que elas lessem o que eu gostava. Até porque a principal função de um pai e de uma mãe é servir para que eles não gostem de nós. O nosso amor por eles é sempre estável, mas o deles por nós é muito ambivalente e mesmo depois de mortos – o meu pai morreu há dois anos e continua a mudar dentro de mim. O julgamento que um filho faz do pai na adolescência é normalmente pautado por uma crueldade e injustiça enormes. Normalmente, começamos a conhecer melhor os nossos pais quando temos filhos. "
OvarNews
Janeiro de 2007
Entrevista a António Lobo Antunes, " Um escritor não se faz aos trinta"
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